A campanha Setembro Verde alerta a população sobre a importância da doação de órgãos e a necessidade de expressar em vida o desejo de ser um doador. Uma pessoa pode doar vários órgãos e salvar muitas vidas.
No Hospital Santo Ângelo a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) é composta por médicos, enfermeiras, assistentes sociais, psicólogas, técnicos em enfermagem e secretária. A instituição realiza apenas a captação dos órgãos, que são encaminhados para a Central de Transplantes, em Porto Alegre. Por conta da distância, o HSA faz a captação apenas de rins, fígado e pulmões.
A Cihdott entrou em funcionamento em 2012 e, desde lá, apenas 18 doações de um total de 50 protocolos abertos para transplante foram efetuadas. O baixo número, de acordo com a coordenadora da Cihdott, Carline Scherer, deve-se a não aceitação da família em realizar a doação. “Esse é o principal motivo, por isso é essencial que as pessoas comuniquem o desejo de ser um doador em vida para seus familiares. Além disso, ainda dependemos de outros detalhes, como o órgão se manter vivo até chegar à Central de Transplantes”.
São potenciais doadores pessoas em situação de morte encefálica, ou seja, com a parada definitiva e irreversível do encéfalo (cérebro e tronco cerebral). Após o diagnóstico, são feitos testes neurológicos clínicos, os quais são repetidos seis horas depois. Com a morte encefálica a equipe já informa a Organização de Procura de Órgãos (OPOs), de Passo Fundo, e a Central de Transplantes sobre um possível transplante. “Quem faz essa avaliação é um médico neurologista, que comunica os familiares sobre os testes positivos para morte encefálica e encaminha para a entrevista feita pelas psicólogas e assistentes sociais”, explica a enfermeira Paula Queiroz, coordenadora da OPOs.
O papel das psicólogas e assistentes sociais é o de acompanhar a família do potencial doador para refletir sobre a importância da doação, esclarecer dúvidas e permitir a ela a escolha voluntária de doar ou não os órgãos de seu familiar. “Este momento é complicado porque sempre é uma morte inesperada de uma pessoa que não estava com diagnóstico de doença. O familiar precisa tomar essa decisão em um momento de dor, quando acabou de perder alguém. Nosso papel é tentar conscientizá-la do quanto essa doação é necessária para outra pessoa e outra família”, acrescenta a assistente social Maira Bagatini.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o número de doadores de órgãos caiu 26% no país devido à pandemia de Covid-19, atingindo os pacientes que aguardam por um transplante. Isso se deve ao risco de contaminação e a lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).